terça-feira, 20 de julho de 2010

Encontros e Desencontros.

Já faz algum tempo eu não repasso tudo o que estou sentindo do meu coração ao cérebro. Faz algum tempo eu não transcrevo os furtivos pensamentos da minha mente para o papel. Faz tempo que não redijo as palavras do papel para o computador. Porque quando se está apaixonado e se é correspondido, o coração pulsa forte, você pensa nessa paixão a todo instante. Quer escrever, mostrar, gritar ao mundo inteiro o seu amor. Mesmo sabendo que não deveria gritar tão alto, pois “a inveja tem sono leve”. Mas você faz isso na melhor das intenções, sem pensar nas consequências, apenas para expressar seus sentimentos, afinal, você está feliz e quer que todos saibam disso. Mas quando se está apaixonado, não se é correspondido, e não se pode nem sequer expressar essa paixão ao objeto de seu desejo, a situação fica muito mais difícil.
A paixão para certas pessoas pode durar apenas uma fração de segundos, mas na minha vida real, não funciona assim. Tudo bem se a paixão não deu certo, não estamos procurando culpados (se é que eles realmente existiram!). Se alguém tem culpa, que seja a química, o cosmo, o universo, pronto! Foram eles que não quiseram colaborar quando deveriam. E mesmo que não tenha dado certo, não se consegue esquecer uma paixão assim da noite para o dia. Leva-se tempo para isso. E no meu caso, muito tempo.
E eu nem posso mais te dizer o quanto ainda te quero bem. Ah, pra que também, não é?! De nada adiantaria. Seguramente, nada iria mudar.
É melhor nem falar nada e ir seguindo em frente. Melhor ficar aqui quietinha no meu canto, choramingando baixinho todas as noites nas minhas conversas reservadas com Deus antes de dormir. Feito uma garotinha estúpida e infantil. Deve ser isso mesmo que eu sou, por ainda me permitir guardar dentro de mim essa paixão sem sentido que insiste em voltar, quando eu acredito esquecer. Feito menina carente-frágil-solitária-indefesa que eu sei que não sou, mas quando o assunto é essa paixão, eu fico assim. Então, baixo a guarda. Desarmo os soldados. E fico à espera do próximo ataque traiçoeiro (quase terrorista), assim como se existisse até um certo prazer em sofrer.
E essa é a pior espera... A espera que não se sabe o dia, a hora e nem o local, desse encontro marcado pelo destino que nos fazem ser pontuais nos encontros da vida. E essa ansiedade me consome viva. Se ao menos eu tivesse uma pista de quando seria esse encontro, poderia me preparar. Colocaria a melhor roupa, pintaria minhas unhas, faria a maquiagem adequada, arrumaria meu cabelo. Pensaria nas palavras certas, cuidaria dos pequenos detalhes, ensaiaria todos os meus gestos, estudaria todos os meus atos. Escolheria a trilha sonora, prepararia o cenário ideal. Seria melhor o brilho da Lua cheia ou a chuva para banhar o nosso encontro? Poderíamos também ver o pôr-do-sol ou quem sabe, esperarmos o sol nascer? Melhor seria se juntássemos tudo isso nesse mesmo dia perfeito. Ou talvez nem precisasse nada disso, pois somente por te encontrar já me faria o mais agradável dos dias.
E em meio a essa conversa de encontros e desencontros. Meias palavras e palavras a mais que nos fogem sem perceber. Tua boca mastiga meu cérebro. Tuas palavras devoram o meu coração. E o teu olhar me digere inteira. Fico muda, surda, cega, sem ação, nem reação. As palavras vão entrando por osmose em meus ouvidos e se instalando sem pedir licença do lado esquerdo do meu peito. É inevitável interpretar as palavras da maneira como as queremos entender. Embora sabendo que não, eu gostaria que todas elas fossem verdades. Ah, e se elas fossem verdades... Eu teria a ousadia de guardar o tempo como nosso segredo. Eu repousaria na ilusão de te esperar a vida inteira. Eu viveria da esperança de imortalizar nossos encontros. Eu morreria na ânsia de te ama eternamente.

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